Aguardando resultado da biópsia...e a cabeça?

No período de espera do resultado da biópsia me portei como uma doida atrás de pessoas que estavam passando pela mesma coisa que eu. Sempre gostei muito de escrever e não poderia perder a oportunidade de exorcizar esses sentimentos de dentro de mim.
Procurei blogs de mulheres com câncer, vi diagnósticos, li algumas muitas histórias de  luta, superação, mas vi também histórias de mulheres que perderam a luta.
Decidi dar um tempo nisso e pensar de forma prática, precisava escolher que tipo de pessoa eu seria diante da doença.
Recebi apoio de amigos, família, mas lá no fundo a gente sabe que é uma luta solitária no que diz respeito a tudo que passa pela nossa cabeça.
Penso em metástase, penso no meu filho, na minha mãe que tanto precisa de mim, nos meus sobrinhos, amigos...penso no meu pai, meu grande herói e amigo que me deixou tem tão pouco tempo.
Então eu olhava para o Daniel e pensava: não posso, não quero e não vou sucumbir a essa erva daninha.
Já passei por tanta coisa nessa vida que sinceramente...
Pensei no cabelo caindo, na quimioterapia, na mama...pensei em tudo e tudo ao mesmo tempo agora.
Realmente, a dor da espera pode ser mais sofrida que o resultado.
Comendo cigarro de tanta ansiedade e pensando em como fazer para parar de fumar.
Pensava no tamanho do tumor...pensava se tivesse pouco tempo de vida, com quem ficaria meu filho , pensava se o pai dele aguentaria criá-lo como tenho feito até hoje e pra essa pergunta a resposta imediata foi: NÃOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOO
PRECISO VIVERRRRRRRRRRRRRRRR pelo meu filho e é isso que vou fazer.

Ouvi testemunhos próximos de pessoas que se trataram, recebi apoio, ajuda...
Mas, o exemplo mais real mora aqui comigo. Minha mãe.
Teve CA há 11 anos , um tumor de 4 cm, uma mastectomia radical, uma reconstrução de mama, uma rejeição ao tratamento com remédios pós quimio que reduzia as chances de sobrevida dela de forma considerável...vi a mama mutilada dela, troquei o dreno, acompanhei na quimio...vi a luta...mas vi também a fé...a fé da minha mãe a curou. Agora pense, imagine a fé de uma mãe pedindo pela filha?
Não é fácil...não tem sido fácil...é uma oscilação de sentimentos.
As vezes choro escondida debaixo do chuveiro e peço a Deus para fortalecer a minha fé...
Em busca de um milagre...em busca de um erro de diagnóstico e que nada tenha dado na biópsia.

Mais 4 dias...